O mercado global de Inteligência Artificial deve crescer de US$ 387,45 bilhões, em 2022, para US$ 1.394 trilhão, em 2029, exibindo um CAGR de 19,81%, segundo pesquisa da Draup
Nesta era pós-pandêmica, uma nova identidade de consumidor assumiu o protagonismo no mercado e impulsionou a indústria de bens de consumo a oferecer diferentes oportunidades de experiências que vão além do produto. Seja influenciado por contextos socioeconômicos, tecnológicos, ou mesmo políticos, o novo perfil de consumo tende agora a buscar conexões com produtos e serviços que atendam propósitos consistentes, confiáveis e autênticos. Para isso, as organizações devem mergulhar em uma jornada de investimentos em estruturação de dados e implantação de mecanismos de recomendação, baseados em IA e análises preditivas, a fim de fornecer experiências personalizadas aos seus clientes, bem como aumentar a satisfação e fidelização com as marcas.
Nesse ambiente de tendências e comportamentos disruptivos iniciar uma jornada de mudança dos antigos padrões e leituras de consumo para um mindset inovador poderá levar a indústria a desbravar, pela geração e análise de dados primários dos clientes, novos horizontes que estão se moldando. “Tal leitura subsidia a compreender também o impacto que as mudanças ambientais internas e externas têm na motivação e na escolha dos clientes. E, ainda, como a indústria de bens de consumo pode identificar áreas com alto potencial de crescimento e entender melhor as novas necessidades dos consumidores em diferentes mercados com as inúmeras possibilidades que a IA nos apresenta”, analisa Gabriel Marostegam, Head of Data da CI&T (NYSE:CINT), líder em transformação digital para marcas globais.
Para Brian Burke, Vice-Presidente de Pesquisa para Inovação Tecnológica da Gartner, é esperado que mais de 30% de novos medicamentos e materiais sejam sistematicamente descobertos a partir de técnicas de IA generativa até 2025. Com isso, estima-se que na área da saúde a IA contribua para desenvolver importantes modelos preditivos para o diagnóstico de doenças, descoberta de medicamentos e medicina personalizada. Nas finanças, a tecnologia já é uma realidade para detecção de fraudes, gerenciamento de riscos e negociação algorítmica. Já na indústria automotiva, a inteligência artificial corrige falhas de produção nas fábricas, planeja as manutenções preditivas nas concessionárias e, até mesmo, automatiza a implantação de direção autônoma.
IA e dados: a combinação primária para evolução das marcas
Aprofundar a leitura do novo comportamento de consumo exige que a indústria repense seus processos produtivos e logísticos, suas estratégias de marketing, comunicação e canais para entender e atender a nova equação de valor dos consumidores. Para isso, avaliar a quantidade e o acesso aos dados estruturados e de alta qualidade que as empresas interessadas dispõem é fundamental para iniciar uma operação exitosa. Isso porque a IA abre uma série de problemas de negócios que a TI não conseguia resolver antes, de acordo com Mark Schwartz, Enterprise Strategist da AWS. Em linhas gerais, em seu artigo Transformação e AI, Schwartz salienta a importância de um nível de maturidade mais avançado dentro do escopo da abordagem de acesso, estruturação e governança de dados. “A transformação consiste em criar agilidade e capacidade de resposta para a mudança na organização. Mas a IA nos lembra que a transformação não se trata apenas de código e infraestrutura, mas também de dados.”, afirma Schwartz.
E essa é uma das principais dores e desafios dos CIOs nos últimos cinco anos: os investimentos para a segurança e uso de dados, que mesmo em cenário promissor e disruptivo sobre a jornada de IA, a agenda de TI ainda tem prioridades não trabalhadas. Pautas como Cloud Computing, Gestão de Dados, Cibersegurança e IA, se tratadas como uma jornada convergente e não como produtos independentes para os investimentos em tecnologia, podem impulsionar a rentabilidade dos negócios e oferecer a máxima experiência para o consumidor.
Poder para as pessoas
Com os dados disponíveis e analisados por especialistas, as empresas podem desenvolver estratégias mais eficazes de marketing e promoção personalizadas e exclusivas, bem como desenvolver produtos direcionados de acordo com um determinado perfil de clientes. Não se trata de mera evolução do branding e consumer insights, mas sim de ampliação do potencial das áreas com o uso de tecnologia. “A nova era impulsionada por dados e IA em busca da hiper produtividade e hiper personalização é um desafio já presente nas empresas, que devem se moldar rapidamente a fim de entregar valor nas experiências de seus clientes e produtos”, afirma Marostegam.
Um caso real de aplicação é o da L’Oréal, que utiliza big data associado a sensores para prever com maior acuracidade as condições de saúde da pele para o desenvolvimento de ferramentas de diagnóstico. Com isso, a empresa entrega valor pela tecnologia e ganha assertividade na análise do perfil do consumidor, direcionando-o à aquisição do produto ideal.
Uma vez em que a indústria adota tais práticas, o planejamento do negócio ganha eficiência e escala, pois a IA atua na customização da comunicação para audiências específicas. Ao mesmo tempo, oferece para a operação do negócio um modelo preditivo de vendas, de gestão de estoque, de sortimento e distribuição de produtos, o que potencializa a conquista de novos clientes. “Na CI&T, desenvolvemos um sistema de machine learning para a Nestlé com o objetivo de analisar padrões de recorrência de compra, perfil de aquisição similar ou itens complementares, além de dados macro, como informações por região, histórico de vendas, dados demográficos para fazer as melhores recomendações. O Recomendador de Pedidos aumentou as vendas em 6% em seis meses por meio de uma experiência otimizada do comprador no ponto de venda e alcançou 100 mil pontos de venda em todo o Brasil”, destaca Marostegam.
Com novas possibilidades para a indústria, a inteligência artificial deve dominar e otimizar praticamente todas as operações e processos por meio de aplicativos focados na experiência e nas interações personalizadas, intuitivas e emocionalmente inteligentes aos clientes. A IA inovará desde a automação de processos robóticos (RPA) e otimização da cadeia de suprimentos, até a outra ponta da cadeia de consumo como o atendimento, comércio conversacional, marketing aprimorado e produtividade pessoal. Na humanização das experiências, a IA ganhará mais força com aplicativos que analisam os sentimentos dos usuários, cocriando e orientando projetos de design e criatividade. Marostegam, complementa afirmando que “na perspectiva tecnológica atual vivemos uma ruptura quanto à aplicação e possíveis impactos ainda desconhecidos como o avanço do processamento de informações utilizando computação quântica.”
Com potencial de crescimento de US$1.394 trilhão em 2029, exibindo um CAGR de 19,81%, segundo dados de pesquisa da Draup, a AI rege uma agenda robusta que deve inspirar novas decisões de negócios que vão além dos LLMs (Large Language Models) sobre os quais o ChatGPT e outros aplicativos de IA generativos baseados em texto são construídos. “Tal abordagem, quando aliada à combinação de dados do consumidor e do mercado, traz insights orientados à ação, análises preditivas e recomendações de especialistas, colocando a inteligência artificial no pedestal do mercado futuro. Tudo isto certamente ditará os caminhos mais assertivos para chegarmos com maior eficiência no amanhã. Ou seja, o valor mais significativo da IA não está somente no retorno financeiro da tecnologia, mas nas oportunidades que se projetam com as melhores interpretações e aplicações que dela faremos”, conclui Marostegam.