O Boston Consulting Group (BCG) projeta um crescimento expressivo do setor de robótica até o final da década. Impulsionado por inovações de startups e empresas menores, avanços tecnológicos e mudanças no comportamento do consumidor, o mercado deve saltar de US$ 25 bilhões de faturamento em 2021 para entre US$ 160 bilhões e US$ 260 bilhões em 2030, diz a consultoria.
Outra previsão do estudo é que os robôs de serviço, que hoje representam uma parcela pequena do mercado, devem se tornar os líderes do setor no final da década, representando de U$S 90 bilhões a US$ 170 bilhões do faturamento global em 2030. Os próximos dois anos, entre 2021 e 2023, prometem ser ainda mais movimentados para a categoria, quando sua taxa de crescimento anual média deve variar de 25% a 35%. Já os robôs industriais e de logística, hoje líderes, ficarão para trás apesar de manterem sua importância para o mercado, com US$ 80 bilhões no mesmo período.
Segundo Otávio Dantas, Diretor Executivo e Sócio do BCG, líder da prática de Technology Advantage, mudanças drásticas vão acontecer na robótica até o final da década. “Será um período de inovação e novos caminhos. As empresas consolidadas precisarão de agilidade e um olhar atento para essas mudanças, que podem surgir principalmente das empresas menores e startups de robótica, que são inovadoras e podem conquistar uma fatia importante desse mercado”, analisa.
O estudo prevê sete grandes mudanças para a robótica até 2030:
1. Robôs de serviço vão dominar o mercado. Um dos fatores que impulsionam esses modelos é o envelhecimento das populações, que precisarão de ajuda em tarefas como higiene pessoal, exercícios e entrega de refeições.
2. As mudanças de comportamento dos consumidores e outras tendências vão aumentar a necessidade de robótica. Além do envelhecimento demográfico, a demanda por entregas de produtos cada vez mais rápida e personalizada e as novas demandas por itens sustentáveis levarão à modernização e maior uso dos robôs.
3. Robôs vão assumir cada vez mais profissões de menor capacitação e de salários tradicionalmente mais baixos. Isso deve acontecer pela combinação de escassez de trabalhadores braçais e do aumento de salários em países que antes remuneravam mal, levando à substituição mais rápida de humanos por robôs nessas funções – os salários dos operários chineses dobraram desde 2007 e aumentaram mais de 50% na Índia no mesmo período, por exemplo.
4. A inteligência artificial e outros avanços tecnológicos vão melhorar as interações entre humanos e robôs, pois vão aumentar o escopo de trabalho atual dessas máquinas e, com as atualizações e melhorias, as interações ficarão mais simples e intuitivas.
5. Robôs também vão aprender. Segundo Dantas, ferramentas de simulação já são usadas para ensinar os robôs a resolverem problemas reais, mas o método ainda não está totalmente evoluído. “Com as melhorias que já observamos na ciência da computação e na inteligência artificial, a tendência é que os robôs consigam reagir a situações mais complexas e interpretar diferentes cenários”, afirma.
6. As máquinas semiautônomas vão realizar cada vez mais tarefas. Tomando como exemplo a indústria automotiva, o BCG estima que em 2030 os veículos autônomos de nível três vão representar cerca de 8% das vendas de carros novos – nessa categoria, o carro dirige em estradas desimpedidas e em condições climáticas boas, alertando o motorista para assumir o controle caso se depare com uma situação que não pode controlar. Na indústria, os robôs desse grupo serão capazes de transitar de forma autônoma em ambientes como um depósito, por exemplo, sinalizando ou parando quando a ajuda de um humano for necessária. No nível quatro, que deve se consolidar por volta de 2030, a máquina operaria de forma totalmente autônoma, com um sistema que faz com que pare apenas em situações raras, mas sem necessidade de envolvimento humano.
7. As empresas asiáticas de robótica, hoje uma fatia pequena do mercado, vão crescer e competir com as americanas e as europeias. O estudo indica que as organizações coreanas e chinesas – muitas com entrada em operação nos últimos dez anos – serão os motores do crescimento da robótica na Ásia. “As varejistas asiáticas estão atendendo grandes demandas e modernizando cada vez mais os seus armazéns, portanto, vão precisar de mais equipamentos robóticos para seus processos logísticos. Diferentemente do resto do mundo, porém, a maioria dos robôs asiáticos serão os autoguiados (AGVs) ou os mais simples, em vez dos de serviço, que vão ganhar o setor no resto do mundo”, afirma Dantas.
O estudo completo pode ser acessado aqui .