*Aldo Macri
A busca por eficiência operacional e redução de custos sempre é uma vertente na maioria das organizações, independente do setor em que atuam. A transformação digital e a disrupção dos negócios fez com que as empresas discutissem constantemente seus modelos de negócio, buscando avaliar como podem se manter nos mercados em que atuam, as alternativas de criação de novos negócios ou o aperfeiçoamento no atendimento às demandas dos clientes que ditam como as soluções devem estar desenhadas para atendê-los da forma mais eficiente.
Ao mesmo tempo que vemos startups já nascendo digitais e mais competitivas, há alguns meses a busca pela digitalização não era tão inerente aos profissionais de finanças das organizações tradicionais. Muitos eram cobrados por dar uma contribuição mais estratégica para os negócios e não ser simplesmente uma função que gerencia processos de backoffice, em sua maioria, repetitivos e sem valor agregado.
Então, uma crise se instalou no mundo e todos foram obrigados a ficar em casa. O isolamento social fez com que empresas e profissionais tivessem que adaptar o seu modus operandi, passando a exercer o tal do home office. Foi nesse momento que as organizações, principalmente os profissionais de finanças, viram a importância de conhecer as diferentes opções de tecnologias disponíveis, e como elas poderiam ter ajudado as suas empresas nesse momento tão delicado.
Nesse contexto, é possível enxergar como a digitalização do trabalho humano e a busca por soluções em nuvem surgem como temas importantes. Antes, a forma digital como os clientes queriam acessar os produtos e serviços das organizações era apenas um desejo. E hoje, o acesso digital se tornou uma necessidade. Para atender a essa nova forma de consumo, apenas digitalizar os processos de front office não são mais suficientes, uma vez que a empresa perderá sinergia e ganhos de eficiência, de velocidade e qualitativos de atendimento. É preciso digitalizar também os processos de middle e backoffice, para que as equipes que administram os recursos e os dados estejam alinhados com a retaguarda.
Com as equipes tendo que trabalhar a distância, o acesso remoto às informações se tornou cada vez mais necessário. Por isso, a utilização de soluções em nuvem, permitiu que os negócios se tornem mais digitais, possibilitando então maior facilidade de gerenciamento e escalabilidade a custo-benefício, principalmente em um momento de crise.
Anteriormente, os processos de apoio aos negócios eram implantados em Centros de Serviços Compartilhados, em locais em que a mão-de-obra era barata, sendo executados de forma manual ou parcialmente digitalizados. Contudo, antes mesmo da pandemia, essa prática vinha sendo alterada, uma vez que os ganhos com a automação ou robotização de processos chegam a ser três vezes maiores que os ganhos da centralização de processos manuais. Agora, mais do que nunca, as empresas estão vendo a necessidade de desenvolvimento de Automação de Processos Robóticos (Robotic Process Automation), também na formação de profissionais desenvolvedores de tecnologia.
Hoje, quando falamos de automação de processos, não falamos mais apenas de automação de workflow, formulários ou atividades repetitivas. Os níveis mais avançados de automação de processos incorporam inteligência cognitiva com o reconhecimento de imagens e padrões, processamento de bases de reconhecimento, tratamento de dados não estruturados, autoaprendizagem, análise preditiva e geração de hipóteses. Os exemplos mais clássicos desse nível avançado são os bots ou agentes de conversação que encontramos em serviços de auto atendimento.
Da mesma forma se aplicar às tecnologias cloud ou nuvem – que nada mais é do que a terceirização do processo interno das organizações de processamento e armazenagem de dados e informações. Antes as empresas usavam infraestrutura própria e servidores próprios para rodarem suas operações. Com a tecnologia em nuvem, essas operações passaram a ser executadas por grandes provedores, que possuem servidores superpotentes e que fornecem espaço para as empresas usarem a infraestrutura de acordo com as suas necessidades. Além de mais econômico, os softwares como serviço, possibilitaram o acesso aos diversos serviços de tecnologia para as organizações, tudo de forma remota.
Até então, entendia-se que o maior vilão dos serviços de nuvem era a segurança da informação por estar terceirizando o tráfego e armazenagem de dados, porém, como essa tecnologia está bastante difundida e os provedores seguem elevados parâmetros e protocolos de segurança da informação, esse mito deixou de existir. O atual momento de crise pelo qual o país está passando, demonstrou diversas lições às empresas, principalmente pela necessidade prévia de se estabelecer um modelo operacional digital e preparado para nuvem do que simplesmente adicionar serviços cloud a um modelo operacional analógico. O grande diferencial não está em simplesmente implantar uma tecnologia, mas sim preparar os processos e a equipe para que executem suas rotinas de trabalho nesse ambiente.
*Aldo Cardoso Macri é Coordenador do Comitê de Inovação do IBEF-PR e também sócio-diretor de clientes e mercados na região Sul da KPMG no Brasil. Na última quinta-feira (28), Aldo realizou um uma webinar promovida pelo IBEF-PR sobre inovação na crise e também na pós-crise. O evento também contou com a participação do diretor da Volvo, de um especialista em inovação e do fundador da startup que contratou 800 profissionais durante a pandemia. Mais informações sobre os próximos eventos acesse: https://www.ibefpr.com.br/