por Laercio Ávila, gerente regional de Digital Automation da SONDA
Muito tem se falado do uso crescente de robôs nas organizações e, quando analisamos os números e os fatos, eles demonstram que esse é um caminho sem volta. De acordo com o Gartner, a receita global de software de Automação Robótica de Processos (RPA) está projetada para atingir US$ 2,9 bilhões em 2022, confirmando que é um mercado que vem crescendo em média dois dígitos nos últimos anos.
À medida que as organizações avançam, cada uma no seu ritmo e no processo compulsório de Transformação Digital, o uso diverso de aplicações, sistemas, portais e ERPs, entre outras soluções, aumenta de maneira quase que descontrolada. Esse cenário acaba por gerar uma dicotomia desafiadora para os executivos, que é entregar processos cada vez mais ágeis e digitais, porém operando uma gama infinita de tecnologias distintas, que aumenta a complexidade da governança de maneira exponencial, consumindo grande parte do tempo das pessoas em tarefas como as de “copy e paste” entre as aplicações.
Ou seja, temos um dilema instalado. Diante da premissa estrutural de que o uso da tecnologia é sempre um “meio” para se conseguir algo, ao avaliar este contexto de maneira mais ampla, algumas questões surgem. Discussões como ‘o que verdadeiramente está por trás do uso crescente de tecnologia robótica?’ e ‘que tipo de problemas as organizações estão buscando resolver?’ são questões com várias possíveis repostas. Aqui, podemos elencar aspectos como improdutividade, alto custo operacional, dificuldades em garantir o compliance, estabilidade da operação ou integração dos sistemas, erros operacionais e retrabalho, perda de competitividade e de conhecimento, lentidão nos processos e excesso de burocracia, entre outros.
Encontrar um caminho para superar esses problemas tem sido um grande desafio na rotina diária de executivos e gestores, tanto da área de TI, quanto das áreas de negócios. Mas, desenvolver um modelo de entendimento das dores e necessidades, bem como dos problemas de processos e propor soluções de base digital ou tecnológica não é algo trivial.
Em meio a tudo isso, surgem propostas e ofertas tentadoras de possíveis caminhos. Uma abordagem e um discurso de mercado muito comum é o conhecido Low-Code, que carrega em si um ar de simplicidade, com um misto de velocidade e agilidade. Entretanto, é preciso dizer: a realidade é bem dura!
Desenvolver e manter um projeto de robotização de processos requer muito planejamento, organização, pesquisa de requisitos, documentação de processos, arquitetura estruturada, desenvolvimento especializado e governança contínua. Por isso, surgem novas perguntas, como ‘para que tudo isso?’, ‘será que vale mesmo a pena?’ e ‘qual o ponto final de todo esse esforço?’ As respostas já apontadas anteriormente dão a conotação de que estamos em um raciocínio repetitivo, mas, na verdade, não.
Acabar com o desperdício do potencial humano, esse é o ponto!
Diante dessa abordagem, fica claro que as tecnologias de automação, apesar de exigirem esforço considerável para sua implementação, têm as suas vantagens. Liberar as pessoas de atividades enfadonhas e de pouco valor agregado não é apenas um desafio de competitividade organizacional, mas sim de transformação social com todos os seus benefícios e contradições. Encarar de frente esses desafios é buscar verdadeiramente resolver problemas reais para destravar o potencial das pessoas e das organizações.