Neste momento único que estamos vivendo, testemunhamos várias quebras de paradigmas no que diz respeito a transformações que estiveram sempre à disposição das empresas. Porém, muitas vezes, estas implementações e modelos nunca foram implementados à plena carga, seja pela cultura, custo total de implantação e mensuração dos seus resultados.
Assistimos soluções como o Webex (1995) e o Zoom (2011) terem o crescimento e sucesso enorme e mostrou que: questões de insegurança sobre a produtividade versus o deslocamento, às vezes, de duas horas de uma pessoa, no trajeto casa para trabalho, iniciando o dia cansada e, assim, produzindo menos, ficaram expostas e foram encaradas como definitivas. O senso de pertencimento do colaborador no ambiente da empresa versus os custos que podem ser evitados com relação a infraestrutura das instalações ganhou a pauta em conselhos e C-Level nas organizações.
Grandes discussões vêm acontecendo em transformações digitais, como modelos e aplicativos e-Commerce, com o intuito de entender as necessidades dos usuários finais, tanto na dimensão B2C quanto na dimensão B2B. O próprio conceito de concorrência vem mudando, com mudança de perfil de grupos de empresas na esteira do entendimento de novos comportamentos da sociedade.
Outro discurso muito ouvido pelas empresas de tecnologia e consultorias é o das tarefas que não agregam valor e que podem ser automatizadas através de ERPs, BPM e Workflows, porém nenhuma dessas ferramentas no fim do dia consegue tirar do colaborador o trabalho de receber/baixar Notas Fiscais de Serviço, conferir os impostos, verificar se tem pedido e depois inserir os dados no ERP, por exemplo. Ou seja, repetições e possíveis erros continuam acontecendo, diminuindo produtividade e competitividade.
Um dos temas que está em pauta, com relevância para a transformação das empresas, é o RPA (Robot Proccess Automation), pois ele sozinho pode tirar esse trabalho repetitivo que não implica inteligência da parte do colaborador. Ele faz essa tarefa sem precisar de mão-de-obra humana. Esse processo simples, citado acima, é uma das várias e infindáveis tarefas que um robô pode realizar nos dias de hoje, seja no Back Office (Financeiro, Fiscal, Contabilidade, RH, ADM Gente ou Suprimentos), seja no Front Office (Logística, Operação, Planejamento, etc). O RPA torna o dia a dia mais fácil, controlado e inteligente.
Muitas das empresas pensam de maneira complexa na implementação de uma ferramenta que consegue comprovar uma análise de ROI e custo/benefícios muito rapidamente, pois somos uma geração traumatizada pelo ERP, por exemplo. Nele tudo é caro, tudo é complexo e tudo é difícil. No RPA a vida não é assim. As coisas são mais simples, é a grande sacada do modelo e o que sempre buscamos: tirar os trabalhos braçais e repetitivos de colaboradores e deixar as pessoas analisarem, pensarem e tomarem decisões. A mudança fica por conta da disciplina nos processos e controles.
Em discussões recentes sobre o tema, o RPA é visto como um grande alavancador na redução de custos, no ganho da produtividade e da confiabilidade. Logicamente não podemos ser hipócritas e dizer que isso não existe ou acontece, pois se as pessoas têm atividades repetitivas e que não agregam valor aos seus processos, existe aí uma grande oportunidade para o avanço da robotização.
Contudo, existe algo que pode passar despercebido: a valorização da inteligência no processo. Quantas pessoas são contratadas com uma expertise alta para agregar valor e acabam se perdendo nas tarefas operacionais? Na busca e checagem de dados? Quando estes estão no formato desejado e os números validados, o dia já passou, a produção intelectual foi baixa, causando uma grande frustração no profissional e, também, na empresa.
O aumento do percentual de cada uma das tarefas que agregam valor incrementa inteligência na empresa, deixando o colaborador mais feliz pela diferença que ele consegue fazer na operação. Indireta ou até diretamente, índices de turnover, clima e retenção devem melhorar. Além disso, podem acontecer discussões e ações mais diretas aos pontos ofensores de resultado e não sobre a confiabilidade dos números, o que constitui um dos grandes desperdícios de tempo e energia nas reuniões de resultado das empresas.
No fim do dia, a empresa fica mais competitiva e, junto com o colaborador, fica mais inteligente. O foco é desrobotizar o ser humano.
Por Felipe Mello, CEO da T2C Consultoria