Autor: Gilberto Strafacci Neto
“Acredito em Deus, todos os outros devem apresentar dados e fatos” – essa é uma frase conhecida, historicamente atribuída ao guru da qualidade Edward Deming. Cito ela pois, quando necessitamos falar sobre inovações tecnológicas, muitas vezes nos deparamos com resistências conscientes e inconscientes principalmente pelo fato de não haver um grande número de casos de sucesso tão pouco um manual claro de melhores práticas.
Claro, inovar é assumir riscos e ser pioneiro não é estratégico para todas as organizações. Contudo, passado algum tempo, acho que vale quantificarmos o que está acontecendo com a iniciativa RPA. Essas estatísticas falam em adoção, resultados de ROI, vagas de emprego e um pouco do o que está por vir em termos de mercado.
A chamada automatização de processos, também conhecida pela sigla RPA (Robotic Process Automation) diz respeito, principalmente, à substituição de atividades humanas por robôs digitais. Felizmente, essa tecnologia já está gerando histórias de sucesso em algumas organizações possibilitando um rápido apanhado que pode auxiliar na decisão de adoção por parte da sua organização.
Como aquecimento, creio que valha falarmos de mercado. Segundo a pesquisa realizada pela HIS Research, por exemplo, a tecnologia RPA foi classificada como a categoria de software corporativo que mais cresceu em 2018 (algo como 100%) e continuou crescendo mais de dois dígitos em 2019 (aproximadamente 40%). Analistas e outras fontes indicam visões igualmente exuberantes da adoção do RPA, à medida que as empresas buscam novas eficiência para permitir sua transformação digital e outras iniciativas. Para 2020, os crescimentos mais modestos apontam um crescimento de 35% desse mercado.
A seguir, enumero algumas estatísticas também interessantes:
- Nos próximos dois anos, 72% das organizações trabalharão com a RPA, prevê o Gartner. RPA foi classificada como a categoria de software corporativo que mais cresce.
- 53%, mais da metade dos participantes da terceira pesquisa anual de RPA da Deloitte dizem que já embarcaram em sua jornada de RPA. A Deloitte espera que esse número chegue a 72% nos próximos dois anos.
- Em 5 anos, na atual taxa de crescimento, a adoção do RPA atingirá quase todas as empresas que usarão a tecnologia de alguma forma. Em outras palavras, o RPA alcançará uma adoção quase universal em algum momento de 2023, segundo a Deloitte.
- US$ 1 bilhão é o valor total gasto em software RPA em 2019, de acordo com o HIS Research. A concorrência entre os fornecedores de software da RPA por essa receita foi acirrada. Gartner, por exemplo, diz que nove das dez principais empresas de software RPA mudaram a posição de participação de mercado em 2019.
- Serviços de RPA também são relevantes para sua organização. Empresas que querer garantir automatizações seguras, tipicamente contam com empresas especializadas. O mercado de serviços de RPA foi de US$ 3,2 bilhões em 2019, valor maior que em 2018 que foi de US$ 2,1 bilhões. Isso demonstra a importância de parceiros na iniciativa de automatização de processos.
- A Forrester prevê que o mercado de serviços RPA atingirá US $ 12 bilhões até 2023 sendo que anteriormente ela mesmo havia projetado que o próprio mercado de RPA chegaria a US $ 2,9 bilhões até 2021. Ou seja, o crescimento foi muito maior que o esperado nos últimos anos.
- 78% das organizações esperam uma adoção contínua e sustentada de RPA. Como muitas outras ondas de tecnologia, a adoção do RPA não deverá ser semelhante a ligar um interruptor. A maioria das organizações expandirão suas implementações iniciais de RPA ao longo do tempo. Segundo a pesquisa global da Deloitte, empresas que já adotaram o RPA anteciparam projeções de aumentos “significativos” em seus investimentos durante os próximos três anos.
- 2.158 é o número de vagas em aberto para profissionais de RPA produzido por uma pesquisa recente por “automatização de processos robóticos” no site de empregos do LinkedIn. Os títulos variam nessa categoria crescente de empregos de TI, mas o “desenvolvedor RPA” (e variações do mesmo) é cada vez mais comum – refletindo a necessidade de profissionais de TI que possam criar bots que permitam às organizações descarregar tarefas repetitivas e demoradas.
- 12 meses é o ROI mínimo de uma boa iniciativa de RPA. Uma pesquisa da Deloitte constatou que o retorno do investimento em RPA ocorreu na maioria das vezes em menos de 12 meses, com os bots entregando um tempo médio de automatização da ordem de 20% do tempo original do processo.
- 92% dos entrevistados em uma pesquisa da Deloitte dizem que a RPA atendeu ou excedeu suas expectativas. Isso foi seguido por melhoria da qualidade / precisão (90%), produtividade aprimorada (86%) e redução de custos (59%).
- Mais de 70% das organizações financeiras pilotaram ou estão usando ativamente o RPA, de acordo com o Gartner. Alguns grandes nomes estão tomando nota; A Ernst & Young possui um white paper sobre RPA em finanças e contabilidade, por exemplo.
- 54% das empresas líderes de mercado da América Latina já iniciaram alguma iniciativa de RPA, conforme pesquisa realizada pela Practia em mais de 300 empresas em diversos países. O setor varejo e de tecnologia aparece mais avançado com 64% das empresas já iniciando com RPA.
RPA chegou para ficar, e em os próximos dois ou três anos estará incorporado ao fluxo de trabalho como hoje o fazem soluções de uso diário como Excel, PowerPoint e Word. Em um futuro não longínquo não poderá se trabalhar sem RPA, fundamentalmente porque não terá valor algum (ou será contraproducente) que um ser humano execute manualmente um determinado grupo de tarefas. Assim, podemos ver a partir de fatos e dados que o mercado de RPA não só cresce como também se consolida. Espero que a partir desses dados você, e sua organização, estejam mais convencidos em iniciar nessa jornada.
Gilberto Strafacci Neto